Assistimos, atualmente, ao surgimento de um conjunto de jogos que permitem a utilização de recursos online, sendo os mais populares o Fornite, o Roblox ou Minecraft, chegando aos milhões de utilizadores diários.
Uma das características destes jogos é a multiplicidade de intervenientes, possuindo, em alguns casos, associados, recursos de chat.
Se esta forma de comunicação é utilizada pelas crianças para promover encontros com amigos e consertar estratégias, também serve de porta de entrada para os predadores sexuais ou outras pessoas mal intencionadas.
A pretensão destes indivíduos passa pela tentativa de envio de mensagens de texto e de voz às crianças, com o propósito de cativarem a sua confiança, no sentido de as convencer a passarem para outras formas de comunicação alternativas, localizadas fora dessa plataforma de jogos.
Uma grande maioria dos crimes associados às plataformas de jogos online, verificados junto das crianças, acabam por se verificar essencialmente pela falta de supervisão dos seus progenitores. Por outro lado, verifica-se ainda falta de maturidade, inerente à idade, desses jovens, tornado-se, assim, um alvo fácil para os predadores cibernéticos.
Um presente envenenado
A maior parte destas plataformas possuem associados recursos pagos referentes a conteúdos premium (vidas, novas armas, personagens raras, moedas virtuais ou truques de progressão). Por esse motivo, muitas crianças acabam por cair na tentação de aceitar ‘esta moeda de troca’, ficando, assim, expostas junto dos aliciadores.
As ofertas servem para a promoção de uma relação de confiança junto dos jovens, levando-os à prática de comportamentos de risco. Estas práticas podem, por exemplo, traduzir-se na captação de conteúdos sexuais através de webcam ou mesmo na marcação de encontros presenciais.
Regras e cuidados que deverá transmitir ao seu filho
Embora as características destas plataformas sejam distintas, os cuidados a seguir são semelhantes.
- O primeiro cuidado, dependendo da idade do seu filho, passa desde logo pela pertinência ou possibilidade de acesso à plataforma. Informe-se sobre as condições do serviço, nomeadamente quanto à idade aconselhável.
- Explore as características e possibilidades da plataforma e ajude o seu filho a configurar a respetiva conta. Deverá utilizar o perfil privado, não utilizar o nome verdadeiro, não referenciar a sua morada, indicar qualquer contacto ou outro dado identificativo.
- Tenha acesso à conta de correio eletrónico utilizada para o registo na plataforma com vista a eventuais notificações.
- Sempre que se aperceba que o seu filho está a comunicar com alguém no chat, pergunte sempre de quem se trata.
- Questione o seu filho de forma frequente sobre eventuais tentativas de contactos ou aliciamento por parte de desconhecidos.
- Permita apenas o acesso às plataformas em divisões comuns, onde o seu filho não fique isolado, tal como na sala ou cozinha.
Dependendo dos contornos da situação, estando em causa menores, poderemos estar perante diversos tipos de crimes
- Falsidade informática – Art.º 4º da Lei n.º 109/91, de 17/8 (Lei do Cibercrime).
- Importunação sexual – Art.º n.º 170.º do Código Penal.
- Abuso sexual de criança – Art.º n.º 171.º do Código Penal.
- Coação sexual – Art.º n.º 163.º do Código Penal.
- Pornografia de menores – Art.º nº. 176.º do Código Penal.
- Aliciamento de menores para fins sexuais – Art.º nº. 176.º-A do Código Penal.
Tratam-se de crimes públicos pelo que o simples conhecimento por parte das autoridades policiais ou judiciárias será suficiente para dar origem ao respetivo processo crime.
Tem dúvidas ou questões?
Na eventualidade de pretender eventuais esclarecimentos pode consultar o nosso assistente virtual ou utilizar o formulário de contacto disponível aqui.
