Em 2023, Portugal assistiu a um aumento significativo nas denúncias de criminalidade informática, com o Gabinete Cibercrime da Procuradoria-Geral da República a registar um total de 2.916 queixas, correspondendo a um aumento de 137,29% relativamente ao ano anterior. Este crescimento reflete a sofisticação crescente das fraudes online e a adaptação dos criminosos às novas tecnologias e comportamentos dos consumidores, conforme relatado por esta entidade.
Modalidades de Crime Informático em Destaque
Em 2023, observou-se uma significativa expansão de crimes em massa, caracterizados por campanhas específicas de grupos de crime organizado que visam múltiplas vítimas simultaneamente, na expectativa de que algumas delas sejam enganadas. Exemplos dessas ações incluem fraudes conhecidas como “olá mãe, olá pai” e esquemas relacionados ao pagamento de falsas dívidas de contas de energia elétrica.
Burlas em Vendas Online: Segundo o Gabinete Cibercrime, os criminosos têm criado contas falsas em plataformas de comércio e redes sociais, desaparecendo após receberem o pagamento e causando grandes prejuízos económicos às vítimas. Muitas pessoas lesadas optam por não denunciar, muitas vezes por vergonha ou pela falta de esperança em recuperar os valores perdidos.
Páginas Web Falsas: A criação de sítios web que imitam páginas legítimas de marcas conhecidas continua a ser uma tática comum. Segundo o Gabinete Cibercrime, essas páginas oferecem produtos a preços extremamente baixos, atraindo consumidores que, ao realizarem a compra, acabam por não receber nada. Este facto tem gerado uma cultura de desconfiança entre os consumidores.
Phishing: O phishing permanece uma forma prevalente de crime informático, registando-se um número significativo de mensagens fraudulentas enviadas a um elevado número de pessoas. Esses ataques tentam obter dados sensíveis, como informações de cartões de crédito e credenciais bancárias, visando principalmente clientes de bancos, que se tornam alvos de campanhas cada vez mais elaboradas.
Sextortion: A extorsão sexual, conhecida como sextortion, tem-se tornado uma preocupação crescente. Neste crime, as vítimas recebem ameaças de divulgação de imagens íntimas, a menos que paguem quantias em criptomoedas. Este tipo de crime voltou a ganhar destaque, conforme indicado pelos relatórios do Gabinete Cibercrime, exigindo atenção urgente.
CEO Fraud (Business Email Compromise): Este tipo de fraude induz empresas ou entidades a realizar pagamentos a criminosos que se fazem passar por fornecedores legítimos. Tanto empresas nacionais quanto estrangeiras têm sido alvo de grupos organizados, resultando em prejuízos significativos.
Acessos Ilegítimos a Contas: O furto de credenciais de acesso, especialmente em redes sociais, também é uma preocupação crescente. Os criminosos assumem o controlo das contas das vítimas, levando a fraudes adicionais.
Burlas Relacionadas com Falsos Trabalhos Online: Neste esquema fraudulento os criminosos oferecem empregos falsos para enganar as vítimas, levando-as a fornecer informações pessoais ou realizar pagamentos por serviços que nunca serão prestados.
Burlas de “Olá Mãe, Olá Pai”: Esta técnica de engenharia social explora a confiança das vítimas, onde os criminosos se passam por familiares ou amigos em dificuldades financeiras, solicitando dinheiro urgentemente. O Gabinete Cibercrime identificou este método como eficaz devido à natureza emocional do pedido.
Desafios e Respostas das Autoridades
As autoridades alertam para a necessidade de vigilância constante e educação dos cidadãos sobre os riscos associados à criminalidade informática e ao cibercrime. Muitas denúncias recebidas pelo Gabinete Cibercrime não cumprem os requisitos necessários para a abertura de inquérito, sendo frequentemente vagas ou meras suspeições. Isso ressalta a importância de os cidadãos estarem informados e preparados para reconhecer e reportar fraudes.
Formas de mitigação
A colaboração entre cidadãos, empresas e autoridades é essencial para combater eficazmente a criminalidade informática e proteger a segurança digital de todos. Campanhas de consciencialização e programas de formação, podem ajudar a fortalecer a resiliência da população, promovendo uma cultura de prevenção e responsabilidade digital.