Gabinete Cibercrime (MP) Alerta para Burlas com Falsos Empregos

O Gabinete de Cibercrime da Procuradoria-Geral da República (PGR) emitiu um alerta urgente sobre um novo esquema fraudulento em grande expansão em Portugal, que visa aliciar vítimas com promessas de empregos online altamente remunerados. O aviso, divulgado através da plataforma de mitigação da criminalidade informática do Ministério Público, dá conta de um aumento expressivo de casos em que cidadãos, muitas vezes jovens ou desempregados, são atraídos por supostas propostas de trabalho remoto, acabando por ser enganados e usados em atividades criminosas.


Modus Operandi Sofisticado e em Evolução

De acordo com o alerta, os cibercriminosos abandonaram os tradicionais anúncios publicitários nas redes sociais e passaram a adotar abordagens mais diretas e personalizadas. O contacto inicial pode ocorrer através de chamadas telefónicas automatizadas ou mensagens via aplicações como WhatsApp e Telegram. Nestes contactos, os burlões apresentam-se falsamente como representantes de departamentos de recursos humanos de empresas multinacionais ou tecnológicas, com o objetivo de conferir credibilidade ao esquema.
Após esta abordagem, a comunicação passa a ser exclusivamente por mensagens escritas, e são propostas às vítimas tarefas aparentemente simples, como avaliar hotéis ou interagir com páginas em redes sociais, mediante o envio de provas em forma de capturas de ecrã. Inicialmente, estas tarefas são realmente pagas, criando uma ilusão de legitimidade.

Escalada de Engano e Envolvimento em Atividades Ilícitas

Com a confiança da vítima conquistada, segue-se uma segunda fase mais lucrativa, em que são solicitadas tarefas pré-pagas. As vítimas são levadas a acreditar que, após investir pequenas quantias, receberão o dinheiro de volta com generosas comissões. Esta estratégia é cuidadosamente encenada: os primeiros reembolsos são pagos, mas posteriormente os montantes passam a ser apenas simulados em “contas correntes”, sem que o dinheiro seja efetivamente devolvido.
Muitos são levados a investir quantias cada vez mais elevadas — em alguns casos, de milhares de euros — acreditando que os valores serão retornados com lucros. Quando tentam recuperar o suposto saldo, são confrontados com novas exigências de pagamentos sob pretextos de taxas ou comissões. Eventualmente, os burlões cortam toda a comunicação e desaparecem.

Vítimas Sem Saberem Tornam-se Peças no Branqueamento de Capitais

Um dos aspetos mais graves destacados pelo Gabinete de Cibercrime é que, em algumas situações, as vítimas acabam por ser involuntariamente envolvidas em esquemas de branqueamento de capitais. São-lhes atribuídas tarefas que consistem em receber e reenviar quantias através de plataformas como MBWAY, dinheiro esse proveniente de outras burlas. Estas movimentações financeiras dentro do sistema bancário nacional tornam as vítimas cúmplices involuntárias de crimes financeiros.

Casos Mais Comuns: Avaliações de Hotéis e Interações em Redes Sociais

Entre os esquemas mais recorrentes, destaca-se a simulação de avaliações de estabelecimentos hoteleiros, supostamente em nome da plataforma Booking.com, e a promessa de remuneração por interações com páginas em redes sociais (seguidores, “likes”, comentários). A narrativa utilizada varia de grupo para grupo, mas o objetivo final é sempre o mesmo: obter dinheiro das vítimas, progressivamente e de forma fraudulenta.

População Alvo: Jovens e Pessoas Desempregadas

Segundo a PGR, o esquema tem feito um número crescente de vítimas entre jovens à procura do primeiro emprego e pessoas em situação de desemprego. A promessa de dinheiro fácil, sem deslocações ou contratos formais, é um dos principais atrativos. A falta de verificação da identidade dos “empregadores”, da legalidade das tarefas, ou da própria existência das empresas mencionadas contribui para o sucesso da burla.

Recomendações às Vítimas Potenciais

O Ministério Público recomenda que qualquer contacto telefónico ou por mensagem de origem desconhecida, que proponha vagas de trabalho não solicitadas com tarefas vagas, fáceis e bem pagas, deve ser ignorado e denunciado. Sublinha ainda a importância de nunca transferir dinheiro a pedido de terceiros sem conhecer a sua identidade ou validar a legalidade da atividade.

Plataforma de Apoio e Denúncia

As vítimas ou potenciais vítimas podem encontrar mais informações e apoio através da plataforma de mitigação de criminalidade informática do Ministério Público, disponível no site oficial da Procuradoria-Geral da República. Ali também poderão efetuar denúncias e aceder a materiais de prevenção e esclarecimento.


Em caso de dúvida ou suspeita de fraude, o Ministério Público reforça: “Não avance, não pague, não partilhe dados. Denuncie.”

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